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Brasil de Carne e Osso

~ Debate sobre direitos civis, igualdade racial, diversidade e outros assuntos urgentes do Brasil real.

Brasil de Carne e Osso

Arquivos de Categoria: Mulheres Negras

NÃO VOTAR EM BOLSONARO: PARA OS NEGROS UMA QUESTÃO DE AMOR PRÓPRIO

Destacado

Posted by Helio Santos in eleições, Mulheres Negras, Protestos

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A fala do capitão Jair Bolsonaro, candidato do PSL, no programa Roda Viva (TV Cultura em 30/7/2018), CONTRA as políticas afirmativas para negros (apelidadas de cotas pela mídia), foram referendadas em 2012 pelo STF por unanimidade. Todos os estudos – e são vários – confirmam que essa é uma das políticas que mais reduziu a desigualdade brasileira; nosso mal maior. Sou professor há mais de 40 anos e posso afirmar que nossa Universidade Pública melhorou, pois conquistou mais diversidade o que enriquece o ambiente e facilita o desenvolvimento geral. Sei que diversos analfabetos políticos antes de terminarem de ler o texto dirão que é mimimi ou fake. Muitos são cegos de boa-fé, mas não todos. Por isso o link para que se possa ver o programa vai abaixo.

Na ocasião, Bolsonaro insinuou que se estava a “dividir o país entre negros e brancos”. Falou coisas piores como: “o negro não é melhor” e que “não há dívida histórica” e finalmente “passa um sabão” nos negros determinando que estes deveriam estudar. Quanto a dividir o país, o capitão demonstra um brutal desconhecimento (imperdoável para quem quer presidir o Brasil) sobre um sem-número de dados que escancaram essa divisão já posta na sociedade. “O negro não é melhor”; uma verdade. Mas não pode ser também o pior, pois quem vem na condição de escravizado e não na de imigrante já saí em larga desvantagem. Quanto a “dívida histórica” está pontuada ao longo de 354 anos de escravidão. Assusta um ex-oficial do exército ser tão analfabeto em Brasil. Algum tempo antes (3/abril/2017), no Clube Hebraica no Rio, o candidato do PSL se referiu aos quilombolas como se estes fossem animais. Por essa afirmação houve até denúncia de racismo ao STF em que Bolsonaro escapou por um triz.

Duas perguntas preciso fazer e gostaria da atenção de todos, mas em particular dos pretos e pardos (negros):

  1. Com problemas tão graves a serem enfrentados na Educação Brasileira, não lhe parece estranho o foco do capitão em RETIRAR DIREITOS dos negros que o próprio STF assegurou?
  2. Tratar negros dessa forma lhe parece razoável para alguém que pretende ser presidente de um país de MAIORIA NEGRA (54 % segundo o IBGE)?

A primeira coisa que a sociedade brasileira já deveria saber, e em particular a população negra, é que o capitão Bolsonaro é um cão que ladra e morde. Ele e seus seguidores não ameaçam (rosnam) apenas; partem para a ação com destemor. Como exemplo, vejam o absurdo da destruição da placa que homenageia uma mulher negra brutalmente fuzilada no Rio: Marielle Franco.

https://istoe.com.br/candidato-de-bolsonaro-que-destruiu-placa-de-marielle-e-eleito-deputado-no-rio/

Fonte: IstoÉ

Trago para as negras e negros e aos demais grupos étnicos que não compactuam com o RACISMO uma PROPOSTA-CONCEITO: DESVOTAR.

Aqueles que votaram ou que sabem de algum conhecido que votou em Bolsonaro no primeiro turno devem DESVOTAR. Ou seja: mudar o seu voto a favor de um Brasil sem ódios. Para aqueles eleitores negros que forem seus conhecidos, sugiro esclarecê-los com a verdade. Para aqueles que não conseguem votar no PT, apesar do Segundo Turno ser um aglomerado novo de setores e não mais apenas um só partido – peço que anulem seu voto. Nunca fui petista, mas nunca antes exercerei meu direito de voto com mais determinação: votarei no Professor Fernando Haddad, que nesse momento encarna a possibilidade de não mergulharmos num Brasil que será particularmente mais hostil ainda para nós negros.

O que não podemos fazer de maneira alguma é fortalecer o nosso algoz, que a bem da verdade não esconde o seu desprezo por nós – ele e seus seguidores, que já estão se revelando fora do controle. Afinal, a população negra não pode ser confundida com uma imensa esquadrilha de kamicazes. Amamos a vida.

Roda-Viva: https://www.youtube.com/watch?v=lDL59dkeTi0

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A ASCENSÃO DOS NEGROS NO BRASIL X O GENOCÍDIO DE JOVENS

Destacado

Posted by Helio Santos in cultura, Equidade Racial, Mulheres Negras, política, Protestos, Questão Racial, racismo, Radicalizar na democracia, Uncategorized, Visibilidade dos Negros

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Capa Folha de São Paulo publicado em 13/08/2018.

“Quase 500 mil pessoas que se declaram pretas e pardas ascenderam às classes A e B em 2017”. Essa frase de efeito, publicada pelo jornal Folha de S.Paulo do dia 13/8, abriu matéria de capa em que se estranhava tal crescimento em pleno momento de retração econômica. De fato, à primeira vista, chama a atenção, pois naquele ano cerca de 800 mil pessoas foram rebaixadas de seus estratos em função de uma das piores crises econômicas sofridas pelo Brasil. Mais: o fenômeno foi o único positivo entre todas as classes de renda. Ou seja, esse empoderamento econômico de negros e negras corre na contramão do Brasil de carne e osso, como chamo o país real aqui em nossa página.

Por outro lado, noutra direção, 17 dias antes (28/7) o mesmo jornal trazia outra notícia de capa tão impactante quanto a da ascensão de negras e negros. A Polícia Civil de São Paulo descobriu um plano do PCC – o Primeiro Comando da Capital – para recrutar cerca de 1.000 novos integrantes por mês. A campanha do grupo criminoso atende pelo nome de “adote um irmão”. Considerando a realidade das periferias brasileiras, apinhadas de jovens “Nem – Nem” – aqueles que nem estudam e nem trabalham -, o plano do PCC de recrutar 12 mil novos integrantes por ano pode ser considerado modesto. Segundo o Banco Mundial são cerca de 11 milhões de jovens na faixa etária de 15 a 29 anos e que raramente rompem o gargalo do ensino médio. A meta do PCC – 12 mil recrutas por ano – é cerca de 0,1% do número de “Nem – Nem” estimado pelo Banco.  Desnecessário dizer quem é a maioria desses recrutas, candidatos a morrerem antes de completar 30 anos. São jovens oriundos do que denomino “família de risco” – pobre, negra, periférica e geralmente liderada por uma mulher.

Não se reconhece, mas a ascensão às classes A e B, em larga medida, se deve às políticas afirmativas (Cotas Raciais) tão criticadas num passado recente. Em 1997, o grupo que eu coordenei no Ministério da Justiça, fez o primeiro encontro governamental para discutirmos essas políticas. O encontro ocorreu na cidade de Vitória (ES) e contou com especialistas do IPEA, Itamaraty, Ministério da Justiça e Educação, dentre outros. Diversos cenários foram desenhados: eu sempre defendi que as ações afirmativas trariam essa ascensão e que ocorreria  ao mesmo tempo uma onda de racismo mais visível, menos envergonhado. Precisamente o que se dá hoje na cena brasileira, mais de 20 anos depois. Nesse texto breve não cabe avaliar as variáveis que me fizeram projetar esse cenário antagônico. Aqui, o que me parece mais importante destacar é a ausência de políticas públicas para um grupo vulnerável superior às populações do Paraguai e do Uruguai juntas.

 Novas Políticas Afirmativas

 Hoje, a manutenção mensal de um presidiário está em torno de 2.400 reais. Já a manutenção anual de um jovem estudante do ensino médio é de 2.200 reais. Explicando: o custo de um encarcerado por ano equivale ao valor investido em 13 estudantes do ensino médio onde a tragédia dos “Nem – Nem” ganha corpo. Não se investe na juventude, pois prefere-se encarcerá-la depois. O tráfico oferece “oportunidade” real de trabalho com consequências catastróficas para as famílias de risco.

As políticas para esse colapso das esperanças desses jovens devem focar na criação de uma nova escola que propicie competências contemporâneas, período integral e bolsa em dinheiro para a retenção da juventude empobrecida no ambiente escolar. Simultaneamente, são necessárias políticas de apoio integral às famílias de risco, o que não se confunde com o Programa Bolsa Família.

 #NãoVoteNoInimigo

 Acabei de ver agora (dia 17/8) o debate dos candidatos à presidência pela Rede TV. Ninguém tem uma proposta efetiva para a sangria que ceifa as vidas de 63 jovens negros por dia. Qual partido – qual candidato – tem uma pista segura para reverter esse quadro? No passado recente, muitos foram silenciosos em relação ao furioso ataque sofrido pelas cotas raciais na universidade pública – a mais eficaz política pública para reduzir desigualdades no país. Hoje, enquanto as cotas raciais aproveitam os talentos outrora relegados, na outra ponta os homicídios matam 23 mil por ano.

Quem projeta os programas dos presidenciáveis são economistas. Estes seres sinistros jamais tentaram calcular o custo de oportunidade que o país paga por ceifar talentos; o que deveria ser a sua obrigação. A reversão desse genocídio exige estadistas; não tecnocratas que não pensam o país real. Ao que tudo indica, estamos diante de um deserto cuja aridez teremos que enfrentar.

O voto negro precisa funcionar. Eu chamo de “desvoto” o ato de boicotar os candidatos a postos majoritários que não tenham uma pauta específica para a maioria da população. O momento é de organização desse voto – o mais barato do mercado eleitoral, como reconheceu Jânio Quadros há mais de 50 anos. Não faz sentido empoderar aqueles que uma vez eleitos operam com especial zelo contra os seus direitos.

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Desigualdade, a marca do Brasil

Destacado

Posted by Helio Santos in Copa, cultura, Equidade Racial, esporte, Futebol, movimentos sociais, Mulheres Negras, Questão Racial, racismo, Uncategorized

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Brasil, congresso, desigualdade racial, evento, negros brasileiros, Política, questão racial, racismo

Nada demarca de forma mais devastadora o Brasil. Ela está em nosso DNA. Muitos falam dela, poucos a decifram. A sociedade brasileira já se acostumou com ela, mas nada chama mais a atenção das pessoas de fora que nos visitam.

O mais adequado seria falar em desigualdades – no plural -; identificando como cada tipo incide sobre a cidadania das pessoas e, muitas vezes, de maneira acumulativa onde múltiplas facetas oneram um único indivíduo.

Antes que algum analfabeto político, praga maior do momento que vivemos, diga que é mi-mi-mi falar sobre o que faz o Brasil ser o esgoto social a céu aberto que é, vale a pena observar como o mundo nos vê. Ou seja: fora do Fla – Flu que se tornou o nosso infeliz debate político.

Por ocasião da Copa que se findou, um âncora da rede CBC do Canadá suscitou uma questão ao “país do futebol”: Foram duas perguntas: “Por décadas, a cada quatro anos, o Brasil envia um esquadrão talentoso à Copa, que reflete sua população racialmente diversificada, mas os torcedores nas arquibancadas jamais o são. Por que isso nunca muda? Existe mudança no horizonte?”

International Friendly - Austria vs Brazil

Seleção Brasileira Rússia 2018

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Torcida Brasileira Rússia 2018

A segunda pergunta deveria ser o foco dos debates num ano eleitoral, pois se refere à maioria da população (55%). Ocorre que somos o país dos sorteios e loterias, mas no campo da cidadania não existem brindes: ou se conquista ou não se tem. Aqui, o eleitor negro (e empobrecido) é o único do mundo que elege os seus inimigos – sem exagero, é o que ocorre.

Câmara dos deputados

Câmara dos deputados

A desigualdade aqui possui 2 vetores básicos: tem cor em decorrência do processo histórico de 354 anos de escravismo, o que estigmatiza a maioria e tem sexo em virtude da feminilização da pobreza. Até o presente momento permanece inédita uma estratégia capaz de sustentar um movimento que faça o gigante Brasil caminhar com sustentabilidade sociorracial – precisamente porque isso significaria correr na contramão do que o País sempre foi e pretende continuar a ser. Uma sociedade que se autoatribuiu limites de forma a deixar amplas parcelas de seus cidadãos e cidadãs de fora. Não se trata de uma desigualdade fortuita, pois foi construída com zelo ibérico.

Claro; há quem veja este diagnóstico como pesado, racista às avessas, e que não leva em conta o mérito etc, etc. O pior cego aqui não é o que não quer ver, mas o que pensa que vê. Mesmo assim não ouso entender essa miopia como de boa-fé.

O agravante aqui são as não-soluções trazidas. Elas veem com as protelações que lembram as vezes em que se adiava a Abolição, até nos tornarmos os últimos a dar fim ao escravismo colonial. Ou seja: o racismo institucional tem um componente inercial que realimenta e fortalece as desigualdades consolidando o que na falta de outro nome denomino Dialética da Exclusão Brasileira. Não há à mão exemplo mais didático do que a destruição dos Direitos Sociais conquistados na CF de 1988. A famigerada Emenda Constitucional 95 não “congela” os gastos como se falou, mas estabelece um teto de gastos do Produto Interno Bruto (PIB) que vai declinando ao longo do tempo. Trata de asfixiar um paciente que já padecia de falta de ar. Todas as análises já evidenciam como esse desastre impactará indígenas e negros.

Ora, nem na Copa de 2014, que foi no Brasil, havia negros nas arquibancadas com ingressos com o preço beirando a um salário mínimo, como observou a CBC canadense. O horizonte indagado pelo âncora será tão menos sombrio a depender da movimentação que formos capazes de engendrar em 2018 e 2019.

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FUNDO PARA A CAMPANHA DAS CANDIDATAS NEGRAS

29 terça-feira maio 2018

Posted by Helio Santos in eleições, Mulheres Negras, política, Questão Racial, racismo, Radicalizar na democracia, Uncategorized, violência, Violência Racial, Visibilidade dos Negros

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Economia, eleições, mulheres negras, Política, racismo

Apesar do baixo-astral reinante na terra-brasilis, entrei em 2018 confiante: creio que pela primeira vez o Brasil irá decifrar a essência de suas desigualdades. Sem isso não é possível pensar num projeto de nação. As desigualdades aqui são infames e, todos sabemos, elas têm procedência histórica, cor e sexo. Mais: as desigualdades de raça e de sexo demarcam o esgoto social a céu aberto que o Brasil sempre foi, mas que, presentemente, tornou-se uma anomia social-moral insustentável.

Finalmente, parece que a “ficha caiu” para todas e todos! Alguns, aglutinados em seus nichos partidários, foram os últimos a ceder aos fatos: estamos por nossa conta e risco na luta para efetivar as mudanças estruturais desse país racista, misógino, homofóbico, classista – uma verdadeira máquina de moer cidadania. Quem entender que se trata de exagero – sempre há quem queira contemporizar -, considere o congelamento por 20 anos dos direitos sociais; a mortandade genocida dos jovens negros; o retorno de doenças que estavam extintas; o crescimento de 500% do encarceramento de mulheres negras. E, finalmente, a execução de Marielle Franco. A execução de Marielle foi um recado direto ao maior segmento da população brasileira: as mulheres negras. Já havia visto em 18 de novembro de 2015 um avant-premier desse filme: a marcha pacífica das mulheres negras foi recebida a tiros em Brasília. Mulher negra empoderada, reivindicando o seu devido espaço na esfera do poder é algo surreal para uma elite anacrônica e, porque não dizer aqui, também perigosa.

Toda essa conversa é para nos introduzir ao título acima: o STF decidiu que, pelo menos, 30% do Fundo de Financiamento de Campanha das próximas eleições deverá ir para as mulheres candidatas. Cerca de 1 bilhão e setecentos milhões de reais serão distribuídos aos partidos. 30% desse valor terá de ir para o custeio das campanhas das mulheres, cerca de 510 milhões de reais.

Fonte:MDB, PT e PSDB terão mais dinheiro do fundo eleitoral; veja divisão

A EDUCAFRO, com o meu absoluto apoio, entende que a metade desse valor destinado às mulheres nos partidos deve vir para o financiamento das candidaturas das mulheres negras. Ou seja: 255 milhões de reais. 51,8% (mais da metade) das mulheres brasileiras são negras.

Sem esse cuidado na repartição dos recursos, sabe-se que uma posição de neutralidade não alcança o objetivo pontificado pela Ministra Rosa Weber do STF que tomou essa decisão tendo como referência o princípio constitucional da IGUALDADE

Evidente que os partidos políticos podem exceder esse limite de 30% fixados pelo STF, considerando que os homens na sociedade brasileira têm mais acesso aos recursos para financiamento de campanha, fruto do tipo de sociedade que aqui se construiu. Apenas 10% da Câmara dos Deputados são de representação feminina – uma das mais baixas do mundo. Se considerarmos as mulheres negras isso beira à uma participação ínfima. Importante lembrar: as mulheres negras são o maior grupo da população brasileira!

Câmara dos deputados

Câmara dos deputados

Para que se tenha uma ideia de valor: o MDB – maior partido – receberá 234 milhões; o que significa cerca de 70 milhões para as mulheres dos quais 35 seriam para as candidatas negras. O PT, segundo maior partido na Câmara, deveria destinar às candidatas negras da legenda pelos menos 32 milhões de reais dos 212 que embolsará. Pela ordem, o PSDB, transferiria para as suas candidatas negras cerca de 28 milhões de reais. Partidos menores como PSB, PC do B, PSOL e PDT, deveriam, respectivamente, distribuir às suas candidatas negras os seguintes valores: 18 milhões; 4 milhões; 3,2 milhões e 9,2 milhões de reais.

Espera-se que ativismo negro independente cobre das lideranças partidárias, quase todas elas exercidas por homens brancos, eventualmente até judicialmente se for o caso, para que a metade dos recursos destinados às mulheres sejam canalizados paras as candidatas negras da legenda.

Por outro lado, nada nos impede que façamos um FUNDO NACIONAL PARA AS CANDIDATURAS NEGRAS, em que pessoas avulsas poderiam doar de cinco a 100 reais, por exemplo. Agora, já pensando num Fundo que alcançasse homens e mulheres negras. Além dos recursos financeiros, que têm barrado, historicamente, a eleição de negras e negros, uma campanha por fundos traria as famílias negras para o centro do debate. Precisamos gritar ao povo negro: SOMOS OS ÚNICOS ELEITORES DO MUNDO QUE ELEGEMOS NOSSOS INIMIGOS. Para reverter todo esse entulho que desgraçará ainda mais a vida de nossas famílias, como o congelamento por 20 anos dos Direitos Sociais, precisamos eleger os nossos. A maioria da população brasileira, que é negra, vem ao longo do tempo empoderando pelo voto aqueles que, uma vez eleitos, destroem   seus direitos – seja pela ação ou omissão dessa elite eleita.

2018 promete, precisamos utilizar caminhos alternativos e inovadores para alcançar o voto negro – sempre desdenhado pelos donos do poder. Blogueirxs, artistas, ativistas, youtubers, agitadorxs culturais, personalidades, poetas e escritorxs precisamos construir com rapidez uma usina disruptiva para eleger uma bancada relevante de negros e, sobretudo, de negras em outubro próximo.

Um Fundo de Campanha relevante para as candidatas negras pode vir a ser o início de uma virada de jogo. Seria mágico em 01 de janeiro de 2019 termos dezenas de mulheres negras tomando posse num congresso machista e racista. O começo de uma profilaxia política em Brasília.

Marielle-Presente

Marielle Franco

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Sair da Zona de Conforto

26 quinta-feira nov 2015

Posted by Helio Santos in boicote, cotas raciais, movimentos sociais, Mulheres Negras, racismo, Radicalizar na democracia

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boicote, garota da tijuca, marcha das mulheres negras, movimento negro, Oi, oi telefonia

A Marcha das Mulheres Negras foi o fato mais importante e inspirador no campo das relações raciais neste ano que caminha para o seu final.

Ao longo desses meses de 2015, diversas foram as vezes em que o racismo escancarou as suas garras de forma explícita na terra brasilis. É importante reconhecer que no Brasil os impedimentos étnico-raciais (discriminação, perseguição, preterimento, abusos avulsos) costumam funcionar – e bem – com base na dissimulação, artefato básico do “racismo cordial”, subproduto tardio da “Democracia Racial”.

Não estou aqui sugerindo que prefiro as garras explícitas do racismo – eu batalho contra ele em quaisquer de suas “mil caras” que vêm como num calidoscópio; para cada contexto tem-se uma faceta nova. Sou do tempo em que os anúncios de emprego, ao requisitar uma simples datilógrafa – eu juro que havia essa especialização –, exigiam “Boa Aparência”. Todo mundo, sobretudo os gestores de recursos humanos, sabia que essa era a senha para vetar negras e negros à vaga.

Nos tempos atuais, além da explicitação do racismo contra figuras conhecidas e reconhecidas, houve diversos casos de agressão nas universidades a alunos/as e educadores/as. Evidente que não se contam aqui os 63 jovens negros que morrem a cada 24 horas por homicídio (dados de 2012). Junto com as formas mais agudas dos diferentes tipos de discriminação racial, continuou-se a ter o tempo todo o tradicional racismo institucional brasileiro – sua idade é a do País: 515 anos; está em nosso DNA.

No dia 20 – precisamente no Dia Nacional da Consciência Negra – três trabalhadores negros foram agraciados com uma agressão recorrente a negros: bananas. Bem, a história do bar Garota da Tijuca já virou meme. A virulência dos casos recentes de racismo tem a ver em grande medida com a “zona de conforto” em que o Movimento Negro estacionou há algum tempo. Rigorosamente, não existe “conforto” para a população negra em situação alguma, sobretudo no presente momento de aumento do desemprego e precarização do trabalho (desempregados fazendo bicos ou reempregados com salários aviltados). A precarização do trabalho no Brasil tem cor e também gênero. Portanto, não há motivo para a baixa pro-atividade atual do ativismo negro. Não há brindes no particular campo da cidadania: ou se conquista ou não se tem. Passou – sim – da hora da reação.

garotadatijuca

Garota da Tijuca/ Foto divulgação: Bar no qual dois entregadores negros receberam duas bananas no Dia Internacional da Consciência Negra.

Nesse ano, a SEPPIR, resultado de uma luta antiga para que o Estado brasileiro reconhecesse a necessidade de políticas específicas para a questão racial, perdeu o status de ministério – um pesado retrocesso particularmente doloroso para os ativistas de minha geração. O movimento que até 2011 induziu por sua conta e risco mais de 100 universidades públicas a adotarem as ações afirmativas (cotas) e que alimentou o STF com argumentos para vencer por unanimidade iniciativa do DEM (2012) contra as cotas raciais, se quedou inexplicavelmente ao conservadorismo reacionário que se amplificou no País a partir do congresso nacional.

A vida flui é no cotidiano; constatação que fiz nos anos 1990, quando decidimos captar dados da mídia impressa – jornais e revistas, sobretudo – para analisar como se materializava no Brasil a subcidadania imposta à população negra. Ao catalogar e classificar o farto material coletado ao longo de quase 10 anos, constatamos que observar os fatos do dia a dia permitia decifrar o bicho de duas cabeças que caracteriza o que denominei: trilha do círculo vicioso.

As duas cabeças da centopeia são óbvias: de um lado, a sociedade secularmente racista e dissimulada, e de outro a própria pessoa negra com o racismo introjetado em sua cabeça. Claro, que a introjeção é ocasionada por motivos operados pela sociedade, mas não se discute isso aqui agora. No Brasil, a reação negra vem com dificuldades em virtude de causas que explicamos na trilha do círculo vicioso – uma ideia em aberto.

A fraqueza da população negra na sociedade brasileira é aparente, pois ela é maioria. Os negros compram, veem TV, votam, têm conta bancária e podem se mobilizar para constranger, convencer, seduzir e vencer obstáculos – democraticamente.

Já falei da estratégia de produzirmos boicotes bem engendrados. Ações que podem atrair também a adesão de não-negros. Estabelecimentos públicos, como o bar do Rio, redes de TV (ou determinados programas específicos da rede), marcas, bancos etc. A última propaganda da OI para a TV, traz uma multidão de consumidores, mas esconde o principal cliente da campanha. Trata-se de uma campanha que anuncia um produto de 10 reais!

As empresas que invisibilizam os negros não merecem tê-los como clientes – simples assim. A emoção e força ancestral trazidas pela Marcha das Mulheres Negras no último dia 18 está a inspirar as/os ativistas a iniciar um novo momento que exige ousadia, organização, unidade e força – tudo o que se viu naquele monumental encontro.

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Brasília – Marcha das Mulheres Negras – Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil

 

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Marchando Com As Mulheres Negras

17 terça-feira nov 2015

Posted by Helio Santos in Mulheres Negras

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cotas raciais, marcha das mulheres negras, racismo, SEPPIR

O presente ano não vem se apresentando como um período de avanço no campo da cidadania. Pelo contrário: muito já se perdeu e as perspectivas políticas não são as melhores. Uma onda conservadora assola o país e não pretendo descrever aqui as diversas ações que convalidam o pessimismo reinante. Entretanto, a perda do status de ministério da SEPPIR – Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, após 12 anos de existência, e da SPM – Secretaria de Políticas para as Mulheres, foi um petardo de pleno sucesso do campo conservador que sempre viu naquelas instituições o que há de pior. Os mais novos não aquilatam como foi pesado e extenuante firmar a questão racial na agenda deste injusto país. Uma batalha sem-fim. Vencer no STF por unanimidade a batalha das “cotas raciais” e derrotar, no dizer de Sueli Carneiro, o “muro midiático” que se armou contra direitos desde sempre negados. A Marcha de 15 de novembro de 1995 – uma epopeia – com Luiza Bairros, Edson Cardoso, Hédio Silva Jr e mais uma plêiade de talentos de minha geração; gente que nunca teve medo de cara feia e que peitou literalmente o racismo institucional do Brasil. O campo conservador contabilizou seguidas derrotas para os movimentos negro e de mulheres, mas deram uma volta inteira por cima na reforma ministerial do Governo Federal. Os membros daquele grupo, chegaram mesmo a comemorar.

A perda de status de ministério da SEPPIR e da SPM fez com que as mulheres negras perdessem duas vezes. As ativistas negras, especialmente aquelas com maior inserção na luta feminista, sentiram escapar de suas mãos décadas de uma luta quase infinda e sem tréguas ao racismo e ao machismo – vínculos siameses da dialética perversa que opera na contramão da cidadania da mulher negra.

Precisamente no momento que a SMPIR – Secretaria Municipal de Políticas para a Igualdade Racial de São Paulo e o Instituto Ethos desenvolveram pesquisa com foco em gênero e raça na maior cidade do Brasil, tem-se as mudanças nos dois órgãos que cuidam desse tema duplo. Em janeiro de 2016, os resultados acachapantes deste estudo, que junto com Lena Garcia tive o privilégio de relatar, virão à público.

Tanto as mulheres negras, quanto as brancas e amarelas, estão à frente dos homens de seus respectivos segmentos étnico-raciais. Isto se dá, tanto em termos quantitativos como em escolaridade, mas perdem daqueles na ocupação das posições de comando e de maior reconhecimento público. Claro, as mulheres perdem e a sociedade junto perde muito também.

Para aqueles que têm dúvida de que somos ainda uma democracia incipiente, basta lembra-los de que as mulheres negras são o maior segmento populacional do Brasil e são ainda o grupo que detém o menor poder: político, econômico e institucional nos setores público e privado.

Na quarta-feira desta semana (18), em Brasília, vai acontecer A MARCHA DAS MULHERES NEGRAS. Todo o Brasil estará presente. A vasta diversidade do segmento negro feminino vai dizer “presente”: estudantes, operárias, campesinas, quilombolas, intelectuais, lésbicas, jovens, idosas, sindicalistas, religiosas, do campo e da cidade – todas. Vou marchar junto com elas na esperança de que os diversos subprodutos que emergirão desta batalha – alguns já se podem notar – irrigarão esse deserto que vem se tornando a terra brasilis.

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Não há nada mais necessário e justo neste País do que a reivindicação das mulheres negras no que diz respeito às suas especificidades. Há ainda muito racismo no Brasil. Racismo que destrói possibilidades de cidadania, com prejuízos difusos. Entretanto, cabe secularmente às mulheres negras a pior parte deste estigma secular.

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Mulher Bonita: Dois Modelos

08 domingo mar 2015

Posted by Helio Santos in Mulheres Negras

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beleza, dia internacional das mulheres, moda, mulher, mulheres, mulheres negras, vôlei

BCO Dia das MulheresO Brasil é um país cuja diversidade é matéria que ilustra a fala da Antropologia Oficial, mas que não se reveste de concretude no campo da cidadania.

No Dia Internacional da Mulher trago dois talentos diferentes que podem de fato sinalizar a riqueza e a capacidade de trabalho de duas brasileiras.

Fabiana-Claudino-vitima-de-racismo-28-01-15-567x340De um lado, Fabiana Claudino, mineira de Santa Luzia, cidade da grande BEAGÁ. Jogadora de voleibol, capitã da seleção brasileira, bicampeã olímpica (Pequim: 2008 e Londres: 2012) e melhor atacante do Campeonato Mundial de 2006. Tem como característica jogar no bloqueio e no ataque.

Fez em janeiro passado 30 anos, mas joga desde os 14. A jogadora tem uma postura leve, alta, esguia, rosto simetrizado, belíssima. Poderia ter sido modelo caso não fosse atleta.

Fabiana é para mim uma das mulheres mais bonitas do Brasil – ela se posiciona num patamar especial mesmo. Tem uma beleza austera, um carisma enigmático. Apesar de inspirar delicadeza em virtude de sua estética longilínea tem uma força nos cortes que impressiona. Essa característica dupla – delicadeza e força simultâneas – é algo que sempre me comoveu na mulher negra nesse nosso incrível país que dispondo de belezas múltiplas – patologicamente – insiste em privilegiar o uno em detrimento do diverso! Para Sueli Carneiro, o papel, tradicionalmente, reservado às mulheres negras na sociedade brasileira é o de antimusas. Aquelas para as quais a estética não se cogita.

139851_36De outro lado, Gisele Bündchen, gaúcha de Horizontina que completará em julho 35 anos. Gisele, segundo a revista Forbes, é a modelo mais bem paga da história do mundo da moda. Conhecida e reconhecida em todo o mundo. Trata-se de uma beleza germânica-brasileira mais comum no sul do país.

O sonho de Gisele era o de jogar voleibol. Poderia assim ter sido colega de quadra de Fabiana caso não tivesse enveredado com absoluto sucesso na passarela global do mundo fashion.

Como as mulheres estão fora do mundo da moda e das quadras esportivas? Para Eliane Barbosa, no mundo das organizações, as mulheres de uma maneira geral, estão bem abaixo do patamar ocupado pelos homens e quanto à mulher negra, especificamente, o “não-lugar” evidencia a ausência de uma preocupação com a sua inserção valorizada naquele ambiente.

Trouxe duas mulheres esteticamente belas, porém bem diferentes. A beleza física radical exibida aqui é proposital para lembrar que a questão de gênero no Brasil vai muito além de uma estética idealizada, da qual não se deve desconsiderar a complexidade que exige múltiplos recortes como raça/etnia, classe, orientação sexual, dentre outros.

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