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Brasil de Carne e Osso

~ Debate sobre direitos civis, igualdade racial, diversidade e outros assuntos urgentes do Brasil real.

Brasil de Carne e Osso

Arquivos de Categoria: Governo Dilma

DILMA VANA ROUSSEFF

14 sábado mar 2015

Posted by Helio Santos in Governo Dilma, Protestos

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Dilma, dilma rousseff, impeachment, Protestos, temer

dilmarousseffv2

Nesse texto, mais do que em outros, pretendo me posicionar na primeira pessoa em virtude de se tratar de uma crônica sobre a presidenta da república num momento delicado da vida do país. Nessas ocasiões, quem tem opinião deve manifestá-la sem temer a possibilidade de desagradar a alguns – risco próprio de quem socializa suas ideias.

Sem dúvida que há uma frustração generalizada em diversos segmentos em virtude da opção escolhida pelo governo Dilma para combater a crise econômica – em especial o baixo crescimento econômico. A ortodoxia econômica que vem sendo adotada, em linguagem explicativa, equivale a assar um leitão, mas queimando toda a casa junto. A ortodoxia traz esse veneno em sua terapia: para cumprir suas metas provoca recessão, desemprego, perdas trabalhistas e sofrimentos; em especial aos mais necessitados. Esse tipo de política, presentemente, está sendo duramente questionado na Europa: Grécia, Espanha e Portugal que o digam.

Todavia, grande parte dos que clamam contra Dilma, contraditoriamente, não é contra as práticas da ortodoxia econômica, como o grupo MBL (Movimento Brasil Livre) de perfil neoliberal. Não se trata de uma contradição qualquer. Mais: ela traz em seu bojo outras nuances. O remédio que vem sendo aplicado é o que a presidente, enquanto candidata, jurara não aplicar. Agora, alguns dos defensores daquelas ideias se posicionam contra Dilma! Por certo na carona dos descontentes com as políticas de cunho ortodoxo que o partido da presidenta – o PT – jura não ser defensor. Há contradições aí para todos os gostos. A verdade, porém, é que Joaquim Levy, o todo poderoso ministro da fazenda (ex-diretor do Bradesco), opera com liberdade as políticas que o PT desconjura.

Contra a ortodoxia econômica há a alternativa heterodoxa em que os remédios se alternam de forma a fazer os ajustes econômicos sem perder de vista o fim último da economia que é beneficiar a vida das pessoas e não, como num processo orgástico, dar satisfação a tecnocratas que operam com metas obsessivas sem lastro com a realidade social, histórica e econômica dos países.

Entretanto, o que nos importa aqui são os atos anti-Dilma que se multiplicarão país afora no dia 15.

Fascistas de Jeans

Dois jovens do Movimento Brasil Livre (MBL), um de 19 e outro de 31 anos, em artigo recente publicado na Folha de São Paulo (9/3), conseguiram a façanha de escrever uma peça em que a palavra justiça ou injustiça não foi usada uma vez sequer. Falam em homicídios em série, mas não lamentam e nem reconhecem que os mortos são jovens como eles e em sua grande maioria negros. O motor que sempre moveu a energia dos mais jovens ao longo da história foram as injustiças, as carências dos mais necessitados, a liberdade, o amor etc. Intriga-me ler um discurso de dois jovens que fala na alta carga tributária do país, mas não reclama das políticas inadequadas implementadas com os recursos da arrecadação. Agridem Dilma chamando-a de “gerentona” em um país em que a gestão é ruinosamente machista – apenas 6% dos membros dos conselhos de administração são compostos por mulheres. Essa baixa participação se dá num país onde as mulheres têm melhor escolaridade do que os homens; como atestam todos os estudos feitos nesse campo! Todos e todas têm o sagrado direito de protestar e se posicionar como quiserem, como esses jovens. Por esse direito a minha geração enfrentou a ditadura militar, quando alguns foram mortos. Entretanto, soa muito estranho para mim quando um jovem de apenas 19 anos, que vive num dos países mais desiguais do planeta, reclama do tamanho do estado e não diz nada sobre sonhos. Sonhar, por exemplo, em propiciar escola infantil de qualidade para todas as crianças.

O Brasil de carne e osso parece ser algo distante para esses jovens e pelo visto não vão dar conta de decifrar o Brasilzão, podendo, como muitos outros, desistir; acabando por pousar em Miami. Para esses brasileiros desistentes tenho dito: já vão tarde. De fato são desnecessários.

Temer o Temer

O professor Bresser-Pereira (FGV-SP) em entrevista recente se referiu a um suposto ódio dos ricos ao PT. Esse fenômeno ocorre mas não explica a fúria anti-Dilma. Por outro lado, petistas também detestavam FHC e seu governo e clamaram com o “Fora FHC”. Depois, não se deve esquecer: os mais ricos – os banqueiros – nunca ganharam tanto dinheiro como nos governos do PT. As raivas são difusas como a que alguns corintianos sonham espancar palmeirenses e vive-versa.

O que eu sempre notei, já no primeiro mandato, é que o mundo empresarial, determinantemente masculino, nutre uma birra ideológica, não contra o governo em si, mas contra a figura forte da ex-ativista Dilma Vana Rousseff. É como eles se vingam: “a economia é capitalista e nós não investimos”. De repente tem-se um fastio empreendedor de forma que se trava o crescimento do PIB. Empresários fazem assim porque podem fazer. Não é por outro motivo que um economista com o perfil de Levy dá as cartas no Ministério da Fazenda. Ele não é um estranho no ninho apenas, mas também o preço (muito alto) a ser pago a um mercado que “peita” uma mulher cuja personalidade é reconhecidamente forte. “Guerrilheira”, como alguns a rotulam. Um senador já avisou: quer vê-la “sangrar”!

Isso não significa que acertos sejam de fato necessários para a economia deslanchar. Sabe-se que nem tudo está a mil maravilhas no governo, mas daí clamar-se por impeachment é deslavado exagero. O segundo mandato está apenas começando e Dilma tem quase 4 anos para ajustar e avançar com pleno êxito.

Confundir Dilma Rousseff com Renan Calheiros e Eduardo Cunha, como vi em diversas falas e artigos, é grosseria e desconhecimento. Os parlamentares citados são do PMDB, partido de Michel Temer, vice-presidente da república e que substituiria Dilma num eventual impeachment…

O que Dilma tem a seu favor não é de cunho partidário. Sua biografia é quem diz de seu caráter e sobretudo de seu compromisso com a mais legítima causa nacional.

Todos aqueles que têm experiência na luta contra os preconceitos e discriminações decifram sem muita dificuldade a razão dos exageros que alguns sofrem. Numa perspectiva semelhante o mesmo se dá com Barack Obama – presidente negro que também tem “sangrado” na mão dos republicanos racistas nos Estados Unidos. É absolutamente legítimo criticar, protestar e propor mudanças de rumo – são direitos existentes em uma democracia dos quais não quero abrir mão. Todavia, nota-se um plus nos protestos contra a presidenta Dilma Rousseff que é de fundo definitivamente machista e que vem bem mascarado no meio do bolo – introjetado na alma do Brasil profundo. Quem desejar saber quão profundo é; busque conhecer os escabrosos relatórios de violência contra a mulher no País. Observem os adjetivos absurdos “gastos” contra a presidenta em algumas manifestações, como se viu na Copa do Mundo. Homens raramente enfrentam tais xingamentos em igual intensidade. Essas violências já banalizadas contra as mulheres estão impregnadas na cultura do Brasil real e precisam ser revertidas.

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Arrumando a Casa

31 sábado jan 2015

Posted by Helio Santos in Governo Dilma

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Aécio, Dilma, Economia, Política, PSDB, PT

Durante a campanha do ano passado, critiquei os economistas que trabalhavam para Aécio Neves. Eles argumentavam que algumas “maldades” precisariam ser feitas para “arrumar a casa”. Queriam dizer com isso que a economia estava “bagunçada”: Gastos fora de controle, déficit público avantajado, baixo crescimento industrial etc. Na época argumentei em uma entrevista dada para a AFROPRESS afirmando que eles queriam na verdade arrumar a “Casa Grande”, e que nessa arrumação os mais pobres perderiam.

Mas veja o destino: foi precisamente isso que os economistas do Governo Dilma fizeram tão logo tomaram posse! Quando os tecnocratas arrumam a Casa Grande, a Senzala (os mais pobres) é que acaba pagando a parte mais salgada da conta. Aqui no Brasil de carne e osso tem sido sempre assim.

Numa linha contrária da defendida pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que prega taxar os mais ricos para reduzir a carga dos impostos sobre a classe média, aqui se decidiu atacar os direitos trabalhistas: seguro desemprego; abono salarial; auxílio doença e pensões. Nesse mesmo tempo, aumentos generosos foram concedidos aos poderes executivo, legislativo e judiciário, como o auxílio-moradia de 4 mil reais para os juízes! Esse tratamento diferenciado é a suma heresia contra os trabalhadores.

Aqui não se tributam as grandes fortunas e nem as heranças. O patrimonialismo brasileiro é visceral e patológico. Nos Estados Unidos, Obama pretende aumentar o imposto de renda dos que ganham muito. Quer também tributar os grandes bancos, tudo isso para beneficiar os que ganham menos e também para investir em creches e educação. Essa ideia aqui seria impensável, pois os ministros que cuidam da economia do país até o ano passado eram diretores-empregados de grandes bancos. Jamais se verá aqui a elite cortando na própria carne. No Brasil isso vai na contramão da cultura de desenvolvimento herdada dos ibéricos: primeiro os meus; depois os meus de novo….

Ocorre aqui no Brasil, desde sempre, um fenômeno tributário que faz com que os mais pobres acabem pagando mais impostos do que os mais ricos. Estudos recentes mostram que os trabalhadores que recebem até 2 salários mínimos, para cada 100 reais que ganham, pagam 54 reais de impostos. Já aqueles que recebem acima de 30 salários mínimos (cerca de 24 mil reais por mês), pagam para cada 100 que ganham, cerca de 30 reais! Essa perversidade é chamada pelos economistas de Regressividade. Aqui, porteiros, professores e diaristas pagam mais imposto do que um milionário e pelo visto isso não deve mudar tão cedo.

No Brasil, os ortodoxos da economia têm como estratégia cega o corte de gastos, especialmente os sociais, como acabou de ser feito agora. Tudo isso para produzir o superávit primário, que vem a ser a economia feita para poder pagar os juros da dívida aos credores: bancos e investidores. Essa política causa recessão que vem com o seu vilão principal a tiracolo: o desemprego. Não tem dado certo na Europa e vem provocando por lá recessão com o consequente desemprego, redução de aposentadorias e diminuição do crescimento. Tal política, equivale a assar o leitão ateando fogo na casa. Os economistas precisam se ater mais a alguns conceitos da Sociologia, Antropologia e História Social para que comecem a entender que é crucial pensar numa cultura de desenvolvimento que flua para o bem-estar da coletividade. Há muito ainda a dizer sobre isso e voltaremos ao tema.

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