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Brasil de Carne e Osso

~ Debate sobre direitos civis, igualdade racial, diversidade e outros assuntos urgentes do Brasil real.

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Desigualdade, a marca do Brasil

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Posted by Helio Santos in Copa, cultura, Equidade Racial, esporte, Futebol, movimentos sociais, Mulheres Negras, Questão Racial, racismo, Uncategorized

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Brasil, congresso, desigualdade racial, evento, negros brasileiros, Política, questão racial, racismo

Nada demarca de forma mais devastadora o Brasil. Ela está em nosso DNA. Muitos falam dela, poucos a decifram. A sociedade brasileira já se acostumou com ela, mas nada chama mais a atenção das pessoas de fora que nos visitam.

O mais adequado seria falar em desigualdades – no plural -; identificando como cada tipo incide sobre a cidadania das pessoas e, muitas vezes, de maneira acumulativa onde múltiplas facetas oneram um único indivíduo.

Antes que algum analfabeto político, praga maior do momento que vivemos, diga que é mi-mi-mi falar sobre o que faz o Brasil ser o esgoto social a céu aberto que é, vale a pena observar como o mundo nos vê. Ou seja: fora do Fla – Flu que se tornou o nosso infeliz debate político.

Por ocasião da Copa que se findou, um âncora da rede CBC do Canadá suscitou uma questão ao “país do futebol”: Foram duas perguntas: “Por décadas, a cada quatro anos, o Brasil envia um esquadrão talentoso à Copa, que reflete sua população racialmente diversificada, mas os torcedores nas arquibancadas jamais o são. Por que isso nunca muda? Existe mudança no horizonte?”

International Friendly - Austria vs Brazil

Seleção Brasileira Rússia 2018

torcida_do_brasil

Torcida Brasileira Rússia 2018

A segunda pergunta deveria ser o foco dos debates num ano eleitoral, pois se refere à maioria da população (55%). Ocorre que somos o país dos sorteios e loterias, mas no campo da cidadania não existem brindes: ou se conquista ou não se tem. Aqui, o eleitor negro (e empobrecido) é o único do mundo que elege os seus inimigos – sem exagero, é o que ocorre.

Câmara dos deputados

Câmara dos deputados

A desigualdade aqui possui 2 vetores básicos: tem cor em decorrência do processo histórico de 354 anos de escravismo, o que estigmatiza a maioria e tem sexo em virtude da feminilização da pobreza. Até o presente momento permanece inédita uma estratégia capaz de sustentar um movimento que faça o gigante Brasil caminhar com sustentabilidade sociorracial – precisamente porque isso significaria correr na contramão do que o País sempre foi e pretende continuar a ser. Uma sociedade que se autoatribuiu limites de forma a deixar amplas parcelas de seus cidadãos e cidadãs de fora. Não se trata de uma desigualdade fortuita, pois foi construída com zelo ibérico.

Claro; há quem veja este diagnóstico como pesado, racista às avessas, e que não leva em conta o mérito etc, etc. O pior cego aqui não é o que não quer ver, mas o que pensa que vê. Mesmo assim não ouso entender essa miopia como de boa-fé.

O agravante aqui são as não-soluções trazidas. Elas veem com as protelações que lembram as vezes em que se adiava a Abolição, até nos tornarmos os últimos a dar fim ao escravismo colonial. Ou seja: o racismo institucional tem um componente inercial que realimenta e fortalece as desigualdades consolidando o que na falta de outro nome denomino Dialética da Exclusão Brasileira. Não há à mão exemplo mais didático do que a destruição dos Direitos Sociais conquistados na CF de 1988. A famigerada Emenda Constitucional 95 não “congela” os gastos como se falou, mas estabelece um teto de gastos do Produto Interno Bruto (PIB) que vai declinando ao longo do tempo. Trata de asfixiar um paciente que já padecia de falta de ar. Todas as análises já evidenciam como esse desastre impactará indígenas e negros.

Ora, nem na Copa de 2014, que foi no Brasil, havia negros nas arquibancadas com ingressos com o preço beirando a um salário mínimo, como observou a CBC canadense. O horizonte indagado pelo âncora será tão menos sombrio a depender da movimentação que formos capazes de engendrar em 2018 e 2019.

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Quem É Ouro no Brasil

23 terça-feira ago 2016

Posted by Helio Santos in esporte

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cotas raciais, Olimpíadas, questão racial

medalha de ouro

Foto: Reuters – Bruno Kelly

As fotos revelam que a principal fonte de medalhas de ouro das Olimpíadas foi a população negra, que segundo o IBGE é formada por pretos e pardos.

Tenho dito que a periferia brasileira é ouro puro; figuração que faço para evidenciar a riqueza que ali sobrevive. Nada vale mais nesse planeta do que talento, mais que o próprio ouro. E convenhamos: esse material é abundante em nossos bairros periféricos, favelas, cortiços e invasões. As Olimpíadas que acabaram de se encerrar no Rio comprovou de forma cabal o que dissemos recentemente aqui nessa página. Sempre lembro que, apesar de dispormos de fartos veios de ouro puro, optamos pelas bijuterias. Ou seja: valorizamos os bem-nascidos que não precisam se empenhar para manter seus privilégios. O resultado é o país que nos resta: baixa capacidade de crescimento com inclusão; jejum completo de Prêmios Nobel e medíocre pontuação nos principais rankings mundiais de excelência. Bem, há duas exceções em que somos modelos: na música e no futebol – precisamente nos dois setores em que os negros não foram impedidos de atuar.

O que as Olimpíadas revelaram é que basta um investimento básico para que o retorno venha com fartos ganhos para a cidadania brasileira.

5 medalhistas

É o caso de Rafaela Silva (24 anos), nosso primeiro ouro no Rio, oriunda da Cidade de Deus e que sofreu ataques covardes na Internet. É hoje sargento da Marinha.

Thiago Braz (22 anos) que, além do ouro, estabeleceu recorde olímpico no salto com vara: 6,03 metros. Foi criado pelos avós paternos e sofreu processo de abandono pela mãe.

O boxeador baiano Robson Conceição (27 anos) foi outro que viveu uma saga para chegar ao pódio, conquistando uma inédita medalha de ouro na categoria leve.

É ainda o caso do ex­ajudante de pedreiro Maicon Siqueira (23 anos) que faturou a 2a medalha brasileira num esporte ainda raro por aqui, como o taekwondo.

Mas de todos os laureados ninguém foi mais extraordinário do que o também baiano Isaquias Queiroz (22 anos) que ganhou 3 medalhas – 2 de pratas e uma de bronze, ­, tornando­se o primeiro atleta brasileiro a cumprir tal façanha numa mesma edição das Olimpíadas. O Brasil disputa as Olimpíadas desde 1920 e coube a este canoeiro – pobre e do interior – essa epopéia. Seu parceiro na disputa em dupla – Erlon Souza (25 anos), em sua primeira Olimpíada ganhou também a medalha de prata.

Todos esses heróis olímpicos são de origem humilde, como de resto são também quase todos os atletas negros da seleção olímpica de futebol e que são a maioria daquela equipe.

Por outro lado, a natação nas Olimpíadas não conquistou uma medalha sequer. Entenda­-se, não foi por falta de piscinas: clubes, condomínios, residências e colégios particulares dispõem de um estoque excessivo desses equipamentos, sendo que diversos desses espaços contam ainda com instrutores de natação.

Quando o Ministério dos Esportes, que no Brasil tem sido moeda de apoio político, passar de fato a investir nas periferias com a construção de equipamentos adequados e com material humano de apoio, a colheita de medalhas será farta. Repito mais uma vez: nenhum país pode, impunemente, desperdiçar talentos como faz o Brasil.

Tal desperdício aqui se deve ao racismo institucional que impregna as políticas públicas e as decisões do setor privado.

 

 

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