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Brasil de Carne e Osso

~ Debate sobre direitos civis, igualdade racial, diversidade e outros assuntos urgentes do Brasil real.

Brasil de Carne e Osso

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A ASCENSÃO DOS NEGROS NO BRASIL X O GENOCÍDIO DE JOVENS

Destacado

Posted by Helio Santos in cultura, Equidade Racial, Mulheres Negras, política, Protestos, Questão Racial, racismo, Radicalizar na democracia, Uncategorized, Visibilidade dos Negros

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Capa Folha de São Paulo publicado em 13/08/2018.

“Quase 500 mil pessoas que se declaram pretas e pardas ascenderam às classes A e B em 2017”. Essa frase de efeito, publicada pelo jornal Folha de S.Paulo do dia 13/8, abriu matéria de capa em que se estranhava tal crescimento em pleno momento de retração econômica. De fato, à primeira vista, chama a atenção, pois naquele ano cerca de 800 mil pessoas foram rebaixadas de seus estratos em função de uma das piores crises econômicas sofridas pelo Brasil. Mais: o fenômeno foi o único positivo entre todas as classes de renda. Ou seja, esse empoderamento econômico de negros e negras corre na contramão do Brasil de carne e osso, como chamo o país real aqui em nossa página.

Por outro lado, noutra direção, 17 dias antes (28/7) o mesmo jornal trazia outra notícia de capa tão impactante quanto a da ascensão de negras e negros. A Polícia Civil de São Paulo descobriu um plano do PCC – o Primeiro Comando da Capital – para recrutar cerca de 1.000 novos integrantes por mês. A campanha do grupo criminoso atende pelo nome de “adote um irmão”. Considerando a realidade das periferias brasileiras, apinhadas de jovens “Nem – Nem” – aqueles que nem estudam e nem trabalham -, o plano do PCC de recrutar 12 mil novos integrantes por ano pode ser considerado modesto. Segundo o Banco Mundial são cerca de 11 milhões de jovens na faixa etária de 15 a 29 anos e que raramente rompem o gargalo do ensino médio. A meta do PCC – 12 mil recrutas por ano – é cerca de 0,1% do número de “Nem – Nem” estimado pelo Banco.  Desnecessário dizer quem é a maioria desses recrutas, candidatos a morrerem antes de completar 30 anos. São jovens oriundos do que denomino “família de risco” – pobre, negra, periférica e geralmente liderada por uma mulher.

Não se reconhece, mas a ascensão às classes A e B, em larga medida, se deve às políticas afirmativas (Cotas Raciais) tão criticadas num passado recente. Em 1997, o grupo que eu coordenei no Ministério da Justiça, fez o primeiro encontro governamental para discutirmos essas políticas. O encontro ocorreu na cidade de Vitória (ES) e contou com especialistas do IPEA, Itamaraty, Ministério da Justiça e Educação, dentre outros. Diversos cenários foram desenhados: eu sempre defendi que as ações afirmativas trariam essa ascensão e que ocorreria  ao mesmo tempo uma onda de racismo mais visível, menos envergonhado. Precisamente o que se dá hoje na cena brasileira, mais de 20 anos depois. Nesse texto breve não cabe avaliar as variáveis que me fizeram projetar esse cenário antagônico. Aqui, o que me parece mais importante destacar é a ausência de políticas públicas para um grupo vulnerável superior às populações do Paraguai e do Uruguai juntas.

 Novas Políticas Afirmativas

 Hoje, a manutenção mensal de um presidiário está em torno de 2.400 reais. Já a manutenção anual de um jovem estudante do ensino médio é de 2.200 reais. Explicando: o custo de um encarcerado por ano equivale ao valor investido em 13 estudantes do ensino médio onde a tragédia dos “Nem – Nem” ganha corpo. Não se investe na juventude, pois prefere-se encarcerá-la depois. O tráfico oferece “oportunidade” real de trabalho com consequências catastróficas para as famílias de risco.

As políticas para esse colapso das esperanças desses jovens devem focar na criação de uma nova escola que propicie competências contemporâneas, período integral e bolsa em dinheiro para a retenção da juventude empobrecida no ambiente escolar. Simultaneamente, são necessárias políticas de apoio integral às famílias de risco, o que não se confunde com o Programa Bolsa Família.

 #NãoVoteNoInimigo

 Acabei de ver agora (dia 17/8) o debate dos candidatos à presidência pela Rede TV. Ninguém tem uma proposta efetiva para a sangria que ceifa as vidas de 63 jovens negros por dia. Qual partido – qual candidato – tem uma pista segura para reverter esse quadro? No passado recente, muitos foram silenciosos em relação ao furioso ataque sofrido pelas cotas raciais na universidade pública – a mais eficaz política pública para reduzir desigualdades no país. Hoje, enquanto as cotas raciais aproveitam os talentos outrora relegados, na outra ponta os homicídios matam 23 mil por ano.

Quem projeta os programas dos presidenciáveis são economistas. Estes seres sinistros jamais tentaram calcular o custo de oportunidade que o país paga por ceifar talentos; o que deveria ser a sua obrigação. A reversão desse genocídio exige estadistas; não tecnocratas que não pensam o país real. Ao que tudo indica, estamos diante de um deserto cuja aridez teremos que enfrentar.

O voto negro precisa funcionar. Eu chamo de “desvoto” o ato de boicotar os candidatos a postos majoritários que não tenham uma pauta específica para a maioria da população. O momento é de organização desse voto – o mais barato do mercado eleitoral, como reconheceu Jânio Quadros há mais de 50 anos. Não faz sentido empoderar aqueles que uma vez eleitos operam com especial zelo contra os seus direitos.

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Desigualdade, a marca do Brasil

Destacado

Posted by Helio Santos in Copa, cultura, Equidade Racial, esporte, Futebol, movimentos sociais, Mulheres Negras, Questão Racial, racismo, Uncategorized

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Brasil, congresso, desigualdade racial, evento, negros brasileiros, Política, questão racial, racismo

Nada demarca de forma mais devastadora o Brasil. Ela está em nosso DNA. Muitos falam dela, poucos a decifram. A sociedade brasileira já se acostumou com ela, mas nada chama mais a atenção das pessoas de fora que nos visitam.

O mais adequado seria falar em desigualdades – no plural -; identificando como cada tipo incide sobre a cidadania das pessoas e, muitas vezes, de maneira acumulativa onde múltiplas facetas oneram um único indivíduo.

Antes que algum analfabeto político, praga maior do momento que vivemos, diga que é mi-mi-mi falar sobre o que faz o Brasil ser o esgoto social a céu aberto que é, vale a pena observar como o mundo nos vê. Ou seja: fora do Fla – Flu que se tornou o nosso infeliz debate político.

Por ocasião da Copa que se findou, um âncora da rede CBC do Canadá suscitou uma questão ao “país do futebol”: Foram duas perguntas: “Por décadas, a cada quatro anos, o Brasil envia um esquadrão talentoso à Copa, que reflete sua população racialmente diversificada, mas os torcedores nas arquibancadas jamais o são. Por que isso nunca muda? Existe mudança no horizonte?”

International Friendly - Austria vs Brazil

Seleção Brasileira Rússia 2018

torcida_do_brasil

Torcida Brasileira Rússia 2018

A segunda pergunta deveria ser o foco dos debates num ano eleitoral, pois se refere à maioria da população (55%). Ocorre que somos o país dos sorteios e loterias, mas no campo da cidadania não existem brindes: ou se conquista ou não se tem. Aqui, o eleitor negro (e empobrecido) é o único do mundo que elege os seus inimigos – sem exagero, é o que ocorre.

Câmara dos deputados

Câmara dos deputados

A desigualdade aqui possui 2 vetores básicos: tem cor em decorrência do processo histórico de 354 anos de escravismo, o que estigmatiza a maioria e tem sexo em virtude da feminilização da pobreza. Até o presente momento permanece inédita uma estratégia capaz de sustentar um movimento que faça o gigante Brasil caminhar com sustentabilidade sociorracial – precisamente porque isso significaria correr na contramão do que o País sempre foi e pretende continuar a ser. Uma sociedade que se autoatribuiu limites de forma a deixar amplas parcelas de seus cidadãos e cidadãs de fora. Não se trata de uma desigualdade fortuita, pois foi construída com zelo ibérico.

Claro; há quem veja este diagnóstico como pesado, racista às avessas, e que não leva em conta o mérito etc, etc. O pior cego aqui não é o que não quer ver, mas o que pensa que vê. Mesmo assim não ouso entender essa miopia como de boa-fé.

O agravante aqui são as não-soluções trazidas. Elas veem com as protelações que lembram as vezes em que se adiava a Abolição, até nos tornarmos os últimos a dar fim ao escravismo colonial. Ou seja: o racismo institucional tem um componente inercial que realimenta e fortalece as desigualdades consolidando o que na falta de outro nome denomino Dialética da Exclusão Brasileira. Não há à mão exemplo mais didático do que a destruição dos Direitos Sociais conquistados na CF de 1988. A famigerada Emenda Constitucional 95 não “congela” os gastos como se falou, mas estabelece um teto de gastos do Produto Interno Bruto (PIB) que vai declinando ao longo do tempo. Trata de asfixiar um paciente que já padecia de falta de ar. Todas as análises já evidenciam como esse desastre impactará indígenas e negros.

Ora, nem na Copa de 2014, que foi no Brasil, havia negros nas arquibancadas com ingressos com o preço beirando a um salário mínimo, como observou a CBC canadense. O horizonte indagado pelo âncora será tão menos sombrio a depender da movimentação que formos capazes de engendrar em 2018 e 2019.

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Te Dou Um Doce 2

07 sábado fev 2015

Posted by Helio Santos in aristocracia, cultura, Te Dou Um Doce

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brega, ricos e famosos, Te Dou Um Doce

Antigamente se dizia: “Quem acertar ganha um doce”. Com esse senso de humor, lanço algumas questões/reflexões sobre o “Brasil de Carne e Osso”. Quem responder/decifrar de forma mais instigante será “premiado” com a publicação de sua resposta. 🙂 Para participar deixe sua resposta nos comentários sem esquecer de colocar nome e e-mail. Use seu poder de síntese.

PERGUNTA 1 – No Brasil, empresas quebram, mas seus proprietários continuam ricos! Qual fenômeno explica isto?

PERGUNTA 2 – O País, que já é injusto, também vem ficando brega, feio em sua paisagem urbana e perigoso. Que tipo de revolução o Brasil precisa ter para merecer um futuro luminoso?

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