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As mais de 50 mil toneladas de rejeitos de mineração liberadas pelo rompimento da barragem da empresa SAMARCO na cidade de Mariana, trazem um simbolismo sinistro que coaduna perfeitamente com o presente momento da vida nacional. Bem explicado: vida nacional tumultuada por uma crise de responsabilidade das elites. Elite política e empresarial. A presente crise que gera estagnação e desemprego, rigorosamente, não é econômica, mas política. Política, cujos nós não desatam pela ausência de qualidade – qualidade moral. País injusto que arrota arrogância e tem o mérito como doutrina para facilitar o acesso dos bem-nascidos, mas que não dá conta de evitar catástrofes previsíveis.

Mar de Lama em Linhares (ES) – Gabriela Biló/ Estadão Conteúdo
A lama que tornou o Rio Doce um rio morto atinge diretamente 39 cidades e onera a qualidade da vida de 1,2 milhões de pessoas. Essa lama não é menos deletéria do que os crimes do colarinho branco que têm o seu epicentro em Brasília. Os criminosos têm um perfil recorrente: são homens, pertencem ao mundo político e empresarial, e são brancos. Muito raramente o perfil de gênero e étnico-racial são quebrados.
Poucos atinam que nos crimes do colarinho branco os mais prejudicados são as pessoas menos empoderadas.

O agro-empresário e o banqueiro sendo presos. Foto montagem: Rodolfo Buhrer/Reuters e Ricardo Borges/Folhapress
Junto com o mar de lama que imunda os ecossistemas e envergonha-nos frente ao mundo, teve-se recentemente o incêndio – ao que tudo indica criminoso – do Terreiro Axé Oya Bagan de Mãe Baiana no entorno de Brasília. Só nos últimos anos cerca de 5 agressões do tipo foram feitas na região e até agora ninguém foi preso. A sensação que se tem é que a região do DF entrou em sintonia com o retrocesso político e moral que assola o país.

Foto Polícia Militar/ Divulgação
Por outro lado, a 21ª Conferência do Clima da ONU, que busca um acordo mundial contra o aquecimento global, se inicia nessa semana em Paris. Espera-se que a COP21 logre sucesso na tentativa de conter o avanço do capitalismo predatório, o mesmo que rouba a vida do Rio Doce, o qual não é diferente do que abastece os dutos da corrupção no Brasil.